
Essa introdução serve para explicar também meu fascínio pela parada gay de São Paulo. Minha primeira parada foi em 2002. Partia perto do shoping Paulista e chegava quase na praça da República, o percurso inteiro rachando o bico de tanto rir. Tinha os trios elétricos tocando "Macho Man", "I will survive", "Dancing Queen" e outros hinos bibas, era delirante. O mais legal era conhecer um monte de gays gente fina, com os quais me juntava para rebolar na avenida. E, last but not least, não era incomodada, molestada, ningém passava a mão na minha bunda, não era prensada no meio da multidão. Enfim, era muito sossegado e tranquilo, e tinha um final feliz. Mas infelizmente isso está cada vez no passado.
O evento triplicou de tamanho, virou algo gigatesco. E parece que não anda se resumindo em somente um punhado de bibas que querem se divertir e andar de mãos dadas com seus parceiros sem represálias. O público agora é majoritáriamente heterossexual, só que não são os héteros desencanados que nem eu, que só querem se divertir. É um pessoal que chega pra arrumar confusão, baixar o nível do evento. Não acreditei quando ano passado fui bolinada na parada gay. E não foi por uma lésbica. Aliás lésbicas são muito na delas, nunca sofri nenhum tipo de abordagem agressiva por parte delas, se os homens seguissem o exemplo das lésbicas ia ser muito melhor. Além desse fato lamentável, o número de participantes aumentou tanto que fica quase impossível seguir os trios elétricos sem ser prensado. É impossível soltar a franga e dançar ali. Presenciei muitas brigas também, envolvendo a polícia inclusive. E as brigas, adivinhem, eram a maioria entre marmanjos, nunca entre moças e bibas. O pior ainda estava por vir...No fim da festa tinha muita gente deitada e espalhada por toda a avenida. Só que não eram pessoas simplesmente alcoolizadas...as pessoas ali estavam completamente drogadas. Nojento.
Por essas e outras, esse ano a parada gay não vai me fazer a menor falta. Decidi viajar no feriado para Minas Gerais e não estou com a mínima dor na consciência. Enquanto a parada gay não voltar a ser como antes, o que acho difícil já que se perdeu o controle das coisas, permanece aqui a minha indiferença.
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