sábado, 15 de novembro de 2008

Para o Vô


Oi Vô!

Não sei quanto tempo você ainda ficará conosco.
Sei que tem pessoas que até se arrepiam de falar nesse assunto. Esse assunto não é comentado nem a pau. Mas la veritè taí...Um dia a mais ou a menos, fatalmente isso vai acontecer. E dessa vez estarei preparada. O diagnóstico do câncer me fez acender a luzinha para as coisas que realmente importam.
Acho que nunca é tarde para dizer o quanto te amo. O quanto o senhor é importante para mim, o quanto a sua casa foi o meu porto seguro. Vou ficar satisfeita se tiver pelo menos a metade da plenitude que foi a sua vida até agora. E quero aproveitar ao máximo agora o fiozinho de vida que ainda te resta.

O vô mais louco que eu já tive. Que caçava perdizes e criava uma cachorrada do mal. Que se divertia colocando latinhas de skol em cima do muro do quintal e dava um revolver 22 pra uma menina de 9 anos atirar. Que se divertia em ver coisa errada. Que passava os fins de semana dando uma de mestre cuca e que cozinhava também as ceias de Natal. Que me mimava me entupindo de bombom garoto e....tchan tchan...BALAS CHITA! Perdi a conta das vezes em que me desdobrava de dor de barriga por causa da bala chita. E tinha que ser sabor abacaxi, tá ! A de uva era ruim que só.

A cachorrada era algo a parte...Lembro quando o Rambo, aquele vira lata malhado de preto e branco, chegou na sua casa. Você dizia "Ah é só pras crianças verem, depois eu devolvo o filhotinho". Ah tá bom. As "crianças" ficaram vendo o cachorro ali por 18 anos. Cachorro matusalém.

Olhando pra trás, só tenho a agradecer por esse bando de traquinagens geradas pelo seu espírito de porco. Você me estragou total. Mas que deixou minha infância mais feliz, ah isso deixou. E pode ficar tranquilo. Os seus genes de espírito de porco foram devidamente transmitidos. Essa criatura que aqui escreve é uma porra louca igualzinha ao senhor...
Te adoro demais e sempre vou torcer por você!

Nenhum comentário: