Outro dia tava conversando com um colega de trabalho no horário de almoço. Ele me comentou de uma pesquisa de um professor da USP sociólogo, ou antropólogo, ou sabe lá o que (desculpem minha "inguinorança" pessoal das Ciências Sociais). O cara se disfarçou de faxineiro e trabalhou ns dependências do campus durante sua pesquisa de campo. Depois ele escreveu um artigo denominado "O Homem Invisível". Alguém aí tem a curiosidade de saber o por quê?
Enquanto o professor estava vestido de faxineiro poucos, mas muito poucos do seu círculo social (alunos, colegas, etc) , o reconheceu. Parece que ser faxineiro e ser nada é a mesma coisa. O artigo se chama "O Homem Invisível" justamente porque essas pessoas simples que fazem parte do nosso dia a dia parecem não ter rosto nem corpo. Parecem meros robôs no meio da multidão. Quantas vezes acontece do carinha estar lá passando pano e você vai lá e pisa com seu tênis cheio de lama no chão que ele acabou de limpar? Percebi o quanto eu mesma tomava esse tipo de atitude em relação aos peões da linha de produção, cozinheiros e serviçais do restaurante da fábrica, faxineiros que limpavam os banheiros. Na semana passada fiz uma "pesquisa de campo reversa" à do professor.
Nível 1- Reparar no rosto da pessoa.
Nível 2- Chamar a pessoa pelo nome. Isso é fácil na empresa porque todo mundo usa crachá.
Nível 3- Ouvir a história de vida do cidadão.
Os resultados foram surpreendentes ! No restaurante, na hora do café da manhã, olhei pra uma baixinha que limpava a minha mesa e recolhia os miolos de pão que o povo porco tinha deixado ali em cima. Somente olhei pro seu rosto e disse um simples "muito obrigada". Ela abriu um sorriso daqueles e me perguntou "a senhora quer que eu passe um pano aí no seu lugar?".Nossa, um simples "muito obrigada" surtiu um efeito incrível, a mulher se esforçando pra me agradar...Conquistei alguém sem muito esforço. Depois foi com o mocinho da xerox...passei a cumprimenta-lo todo dia pelo nome. Ele passou a fazer encomendas expressas de xerox para Madame Mariana. Incrível. O útimo nível foi com as faxineiras do banheiro.Pude constatar o quanto o SUS é uma droga. Uma mocinha me contou que deu à luz no corredor do hospital depois de 12 horas de trabalho de parto. O médico não tava nem aí pro sofrimento dela e a enfermeira ainda bravejava "é né...pra fazer filho foi gostoso...agora aguenta!". É, de partir o coração mesmo.
É...não tenho pretensões de ser a Madre Teresa de Calcutá, mas essa experiência mudou muito meus conceitos. Acho que se a gente prestar um pouco mais de atenção nos outros, conseguimos cativar mais pessoas. É tão simples...não requer dinheiro, talvez um pouquinho do nosso tempo, mas vale a pena. E palavrinhas tão simples também fazem milagres...Tipo...por favor....muito obrigada...com licença...Foi uma experiência inesquecível.
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