terça-feira, 11 de agosto de 2009

Go your own way


Gosto muito do filme do Forrest Gump. Assiti trocentas vezes e nessas n + p vezes que vi, nunca perdeu o encanto. Uma das melhores cenas é quando o Forrest surta e começa a correr sem parar. Primeiro ele vai até a fronteira da cidade dele (Greebow), depois até a fronteira do Alabama, seguindo até a costa do Pacífico e indo cada vez mais além. Ficou um bom tempo da vida dele só correndo. Aí na cena tocava a música do Fleetwood Mac, "Go your own way", muito poético.

Bom, faz muito pouco tempo que descobri essa sensação estranha igual a do Forrest. De você se desligar do mundo e se concentrar somente na sua respiração. De você correr, correr, correr sem se importar com dor no corpo, se falta ar, quanto falta para chegar...Melhor, entrar num estado tal que nem com a chegada você se importa, aliás não consegue parar, na cabeça o único pensamento é "continue correndo". Em 12 anos de prática de karate e meditação massiva não entrei em tamanho "alfa". E com a bicicleta, por mais que você tente, não consegue se desligar totalmente, você tem que se concetrar nas irregularidades da trilha quando vai pro mato, com trânsito quando está nas ruas e com os farofeiros que insistem em plantar a bunda no meio da ciclovia quando vai para os parques (abrindo um subdiálogo, eu odeio isso, você tá ali no seu ritmo louco e vem um fdp pra quebrar sua frequência de pedalada, eu também não valho 1 mísero centavo e faço o favor de jogar minha possante contra a turma da farofa).

Comecei a correr por motivos de força maior, meio contra a minha vontade, por conta de uma exigência de um teste físico que terei que fazer. Sempre fui uma viciada em esportes, porém a idéia de correr distâncias maiores que 200 m me dava tremelique. Era começar a correr, pra começar a sentir zonza e ofegante, com as pernas pesando 1 tonelada, pra eu parar antes de completar o 1o kilômetro. Era um bloqueio psicológico mesmo. Um belo dia, já meio desanimada com meu desempenho pífio, invoquei que ia correr o que era pedido e pronto. Aí comecei a empreitada e vieram todas aquelas sensações horrorosas, mas decidi que ia manter o foco. Com a minha insistência, depois de algum tempo as pernas já não doíam tanto, consegui manter a respiração e ganhei como recompensa o tal estado "alfa". Pronto, venci o meu bloqueio psicológico.

Agora sim entendo direitinho essas pessoas viciadas em corrida. Que levam o corpo aos limites e que não conseguem parar. É o vício em endorfina, que também se manifesta em outros esportes, e esse vício causa umas crises de abstinência. Já tive níveis doentios de abstinência de exercícios físicos, ao ponto de ficar neurótica quando o professor de karatê faltava ou quando chovia muito e não conseguia sair com a bike. Tinha vezes que mesmo com chuva me mandava, e quando os outros me chamavam de louca por voltar ensopada pra casa, simplesmente ria e falava "ora bolas, eu não sou feita de papel". Essa maluquice me custou uma infecção bacteriana braba na garganta. Ficava num mau humor impossível no dia seguinte se não conseguia fazer exercícios. Sempre fui uma viciada em endorfina. Agora parece que com a corrida esse vício anda se potencializando, apesar de ainda ser uma mirim nesse esporte.

Trepar na bike sempre foi uma das minhas principais fontes de se obter orgasmo (claro, sem contar fazer amor com um cara de preferência saradinho). Mas assim como o sexo, é sempre bom procurar outras alternativas de exercícios para que o seu "transe endorfínico" não caia na mesmice.

I can go my own way!

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