A maioria dos polímeros que conheço dificilmente não sofrem degradação em temperaturas acima de 300°C. Talvez os revestimentos de embreagem e pastilhas de freio (que vou chamar aqui de materiais de fricção) resistam um pouco mais por causa da mistureba, pero no mucho... E o que acontece numa fritada? O material de fricção entra em um estado que chamamos de fading. Quando isso acontece o coeficiente de atrito entre ele e a sua contra peça (ex: disco de freio) vai a níveis próximos de zero, comprometendo completamente a segurança do sistema. Já peguei contra peças resultantes de fading e notei transformações martensíticas ali. Não vou entrar em detalhes sobre o que seja transformação martensítica. O que isso significa é que se o metal mudou de fase, é que a temperatura local ultrapassou os 700°C, agora dá pra ter noção da fritada né.Tá, alguns espertinhos podem argumentar com a mocinha aqui que o freio/embreagem voltou a funcionar depois da fritada. Ah é? Pois a mocinha responde: você perdeu em eficiência de frenagem/troca de marchas, além de diminuir a vida útil do produto. Vão aí outras atitudes que considero crequinagem ne primeira:
- Estando em uma ladeira, socar no acelerador e soltar a embreagem com tudo. Odeio o barulho que isso faz. E odeio depois o cheiro de resina fenólica queimada. Custa achar o "ponto"?
- Usar a embreagem como freio...Sem comentários
- O vício irritante de triscar no pedal de freio sem necessidade. Por mais que não pareça, cada relada nesse pedal está acionando sim o sistema de frenagem, portanto gastando pastilha
- Fazer performances exibicionistas sem estar capacitado para tal (não me usem como exemplo ahahaahah).
- Descer na banguela. Economia de combustível...Que lindo...Só que esqueceram de falar de que mesmo quando não há transmissão de torque entre o volante do motor, caixa de engrenagens e eixos, todos esses sistemas mencionados continuam girando em inércia, porém cada um em uma frequência diferente. Ainda mais na descida, que por conta da gravidade faz com que a rotação dos eixos aumente. Aí surge a necessidade de se engrenar de novo o veículo, e o sujeito engata uma relação que não é compatível com a rotação dos eixos. Sabe o que acontece? Caixa de engrenagens, disco de embreagem, platô e outros mais explodem em pedacinhos. Pena eu não estar autorizada a publicar aqui as fotos desse circo dos horrores.
Bom, como sei que o povo vai continuar a se comportar mal, fico feliz de informar que esses cretinos garantiram o meu emprego por 4 anos. Vocês financiaram a minha viagem pro Peru, as minhas maquiagens e cremes da Lancôme e a minha bike. Fica aqui minha gratidão.
2 comentários:
Excelente post e blog..
Adoreeeeeeeii! hahahahahaha
Sou uma quase engenheira mecânica que se aventura pela area de materiais e carros, achei o blog inteligentissimo, muito bem feito!
Na verdade eu o achei numa pesquisa sobre o coeficiente de atrito entre o platô e o volante de inércia. Tenho um projeto sobre judder [adoro nomes bonitos! mas até o google demorou p me contar q isso é aquela trepidadinha q o carro dá qdo tiramos o pé da embreagem muito rapidamente, sabe? =)]
to com dificuldades em achar o coeficiente de atrito e a força máxima que acopla a embreagem ao motor e se vc puder me ajudar seria muuuito bom!!! =)
Adoreei o blog!
beijos,
(se puder me ajudar, me mande um email mariana.gerardi@gmail.com q te explico certinho, tá? obrigada!!)
Mari
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